terça-feira, 31 de julho de 2012

Olha, guri, repara o que estás fazendo. Depois que fores, é difícil de voltar. Aceite um pito e continuas remoendo teu sonho moço deste rancho abandonar. Olha, guri, lá no povo é diferente e certamente faltará o que tens aqui. Eu só te peço, não esqueças de tua gente. De vez em quando, manda uma carta, guri. Olha guri pra tua mãe, cabelos brancos e pra esse velho que te fala sem gritar. Pesa teus planos, eu quero que sejas franco. Se acaso fores, pega o zaino pra enfrenar. Olha guri, leva uns cobres de reserva, pega uma erva pra cevar teu chimarrão e leva um charque para ver se tu conservas uma pontinha de amor por este chão. Se vais embora, por favor não te detenhas. Sigas em frente e não olhes para trás. E assim não vais ver a lágrima insistente que molha o rosto do teu velho, meu rapaz.
"— Um café sem açúcar, por favor… — Sem açúcar? Não é ruim? — Ruim é a vida, seu moço. Café sem açúcar, é apenas amargo."